Anna Barros & Alberto Blumenschein

Nanocriogênio: Três

Abstract:
A pesquisa que originou “Nanocriogênio: Três” acontece entre a arte e a ciência, no âmbito da nanoarte e da nanotecnologia, buscando atualizar na arte qualidades pertencentes à escala nano, possibilitando sua experiência por parte do fruidor. Explora o universo híbrido e multidisciplinar próprio dessa ciência, realizando-se no ambiente real e no virtual, tendo vídeos de animações em 3D, quatro placas de cobre, matrizes da minha primeira exposição individual de gravuras, e uma forma circular de gelo, processo industrial de congelamento.
As imagens trabalhadas nas animações são originadas de varreduras efetuadas no Microscópio Eletrônico de Varredura de amostras de minha unha e cabelo, as quais representam meu corpo como um todo, retrabalhadas em programas digitais. As escalas nano e real se mesclam na obra, pois essas amostras surgem em vídeo sobre o gelo, na escala original, já preparadas para a varredura no microscópio.
As quatro placas de cobre estão ativadas por sensores de toque e fazem o fruidor, quando permanece pressionando-as, ouvir sonhos gravados, sonhos escolhidos de meu diário quando estava sob a análise junguiana, por estarem no nível do inconsciente coletivo de Jung, tornando-os de maior apreensão. O som é mais baixo a demandar maior aproximação e maior atenção do fruidor. O processo de vivenciar a interatividade não se reduz a um jogo lúdico, mas à experimentação de questões pertinentes à física quântica, como a preponderância do sentido do tato e do háptico, sobre o visual.
É construída uma simbiose metafórica entre o processo científico de criogenia, congelamento pós-morte, para uma possível ressurreição, e o mundo da nanoarte inserido na física quântica com qualidades para nós ainda consideradas mágicas devido às condições nesse ambiente: a da energia nos limites da matéria, com uma percepção nos domínios de sentidos vistos como secundários na nossa cultura. E também pelo fato de que a ciência ainda busca palavras para descrever o que acontece nesse mundo, pela dificuldade de compreensão de suas propriedades e pela falha do sentido semiótico usual das palavras para conceituá-lo.
As instalações oriundas dessa pesquisa são três, com diferentes organizações dos elementos constituintes, mostradas em: EmMeio#4.0, Museu Nacional da República, Brasília, 2012; Artech 2012, Universidade do Algarve, Portugal, premiada como Melhor Instalação; e a presente.

Nanocriogênio 3
Anna Barros
Alberto Blumenschein

Design sonoro
Wilson Sukorski

Vídeo sobre o gelo
Fernando Codevilla

Biography:
Anna Barros
Doutorado em Comunicação e Semiótica, PUC-SP e San Francisco Art Institute. Trabalha com nanoarte desde 2007, exibindo internacionalmente instalações e animações digitais em 3D. Participou, entre outros, do ISEA Istambul, 2011, e, em 2012, da 10ª Bienal de Video y Artes Mediales, Santiago; Artech 2012, Portugal, primeiro prêmio de instalação. Curadora Independente com exibições internacionais. Autora com livros publicados. Nomeada para o Prêmio Sergio Motta de Arte e Tecnologia, 2001, com o grupo SDVila, e, em 2009, pelo percurso de sua carreira. Foi presidente da ANPAP.
Alberto Blumenschein
Estudou artes na FAAP no início dos anos 1980 e trabalha com comunicações digitais desde 1989. Em 1997 criou o GRupo SDVila em contato com Anna Barros. Foi finalista do Prix Mobius (França, 2000) com a peça multimídia RIZOMA, com Kiko Goifman e Jurandir Muller; foi artista convidado do Banff Centre for the Arts, na área de dramaturgia interativa; indicado para o Prêmio Sergio Motta de Arte e Tecnologia, 2001, com o grupo SDVila; participou da exposição “Um Novo espaço para uma Nova Percepção: Nanoarte”, MuBE, 2010; da Bienal de Artes Mediales no Chile, 2012, e da Artech 2012 em Faro Portugal, onde foi premiado com o prêmio de Melhor Instalação em conjunto com Anna Barros.

Desenho sonoro: Wilson Sukorski
Vídeo: Fernando Codevilla