Young-Hae Chang Heavy Industries

The Struggle Continues

The Struggle Continues

Abstract:

Hoje existe um grande interesse de vários setores – o mundo artístico, o mundo literário, o mundo da programação – por seu trabalho… Como vocês descrevem o que fazem? Combinamos texto com jazz para criar peças em Flash. É uma técnica simples que despreza interatividade, gráficos, fotos, ilustrações, banners, cores e tudo isso, menos a fonte Monaco, e ao mesmo tempo atravessa as linhas que separam animação digital, gráficos em movimento, vídeo experimental, i-movies e e-poesia. Para nós, porém, é web arte. Podem falar um pouco sobre suas influências históricas? Bem, nós escrevemos em três línguas diferentes – inglês, coreano e francês. (Colaboramos com outros quando se trata de outras línguas.) Cada uma tem toda uma bagagem de história e cultura. A língua é a essência da internet, o verdadeiro portal para a utilização da web. Escrever, ler e conversar em inglês na internet é justificar implicitamente uma certa história. Alguns governos não mais proíbem ou queimam livros, eles impedem o acesso à web, o que significa que justificam uma história diferente da nossa, que utilizamos o inglês. Por isso, a opção de língua é provavelmente a maior influência histórica em nosso trabalho. E as influências literárias ou artísticas específicas, como aparecem em suas obras? Bem, DAKOTA, por exemplo, é baseada numa leitura minuciosa dos “Cantos I”, e parte dos II, de Ezra Pound. É claro que não é preciso conhecer essa obra para apreciar a peça. Outras influências culturais em nosso trabalho são Marcel Duchamp, que um dia decidiu parar de pintar dizendo que estava cansado de sujar as mãos; Roy Lichtenstein, que encontrou um vocabulário artístico simples e o preservou; e Andy Warhol, que, mais que o governo chinês, conseguiu com seus retratos de Mao dar uma certa face à China. Vocês podem ajudar os leitores a “situar” seu trabalho em termos de tom? E o “visual” de seu trabalho? É bastante óbvio que o “tom” ou a “voz” da literatura na internet é mais distante e difícil de “situar” do que a escrita tradicional. A simples embalagem de um livro fala muito sobre o livro e o autor; a embalagem do browser é genérica. Os autores da internet podem ver isso como um problema, ou considerar um alívio da moda crítica de ver biografia em qualquer aspecto da literatura. Quanto ao visual de nosso trabalho, fazemos o que podemos. Nunca nos interessamos por design gráfico (muitos artistas da web – e mesmo escritores – começam como artistas gráficos). Existem centenas de fontes, milhões de cores, e não sabemos o que fazer com elas. Assim, para responder à sua pergunta, não, não podemos e não vamos ajudar os leitores a nos “situar”. Distância, desterro, anonimato e insignificância fazem parte da voz literária na internet, e nós apreciamos isso. Podem dizer algo sobre seu processo de colaboração? Nós nos sentamos na frente de nossos computadores lado a lado no chão de nossa pequena casa japonesa pré-Segunda Guerra em Seul e tentamos nos ignorar. Alguma coisa surge inevitavelmente, e os risos – desculpe – o processo de colaboração começa. O que vocês acham dos textos críticos que existem até agora sobre arte e escrita baseada na web? Ainda não existem muitos textos críticos sobre a escrita na web. Um dos motivos é que é um meio jovem. O outro é que não é levado muito a sério (isto é, não envolve dinheiro). Outro ainda é que é mais satisfatório criar do que criticar. Existe uma tendência a ler rapidamente na internet. A velocidade é tudo, e textos densos, sejam criativos ou críticos, parecem deixar o leitor ansioso – talvez por causa da conta de telefone. Então, outro motivo para a escassez de textos críticos na web talvez seja que não há nada a criticar – a escrita na web talvez não seja muito boa. *Entrevista a Thom Swiss, professor de inglês e retórica na Universidade de Iowa (EUA).

 

Biography:

Young-Hae Chang Heavy Industries fica em Seul, Coréia do Sul. Sua presidente-executiva é Young-hae Chang (Coréia), seu presidente de informática é Marc Voge (EUA). Suas peças apresentam um herói homérico em busca de um significado sublime na insignificância de uma vida vivida em qualquer lugar menos onde aparentemente conta; empresários asiáticos e garçonetes bebendo a noite inteira; um homem que morre e renasce como um galho de árvore; uma faxineira coreana que na verdade é uma filósofa francesa; um imigrante ilegal numa cela de prisão sob o Palácio da Justiça em Paris; uma mulher que adota sexualmente o monopólio corporativo; uma noite com Sam Beckett em um bordel; o SOS de uma rainha de beleza; uma batida noturna seguida de uma execução; um tocador de bongô frustrado; um sujeito que vai trabalhar sem as calças; uma garota com um chip de GPS costurado na barriga; a segunda guerra da Coréia aos olhos de W.G. Sebald; identidade cultural; o nada; a solidão; o amor em uma região nevada do Japão; um sujeito e sua namorada tentando chegar a Detroit; a política oficial da Coréia do Norte sobre sexo oral; comer vidro; créditos de final de filme; a Riviera; uma zona desmilitarizada “duty-free”; Saul; e mais.