FILE SOLO 2017 – São Paulo

FILE SOLO 2017
LAWRENCE MALSTAF – A poética da imersão
De 22 de julho a 18 de setembro

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Ministério da Cultura apresenta
Banco do Brasil apresenta e patrocina

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Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) – São Paulo

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O FILE, em seus 18 anos, vem mostrando a influência da tecnologia contemporânea nas artes. Inicialmente, surgiram as pesquisas estéticas que exploravam o novo ambiente da Internet: a web art e a net art; os hipertextos e as hipermídias; tudo sob a ótica da interatividade e da não linearidade. Na primeira década do século XXI, foram raros os eventos que mostravam essas expressões estéticas e o FILE – Festival Internacional de Linguagem Eletrônica – surgiu justamente nesse contexto. Numa explosão de criatividade, vislumbrava-se na época uma espécie de novo renascimento pós-vanguarda, pois um novo mundo havia surgido: o mundo virtual.

O FILE festival, desde seu início, atuou dentro desse mundo. No decorrer dos primeiros dez anos, várias novas modalidades surgiram e desapareceram numa dinâmica orgânica intensa típica das novas tecnologias, ora novidades, ora obsoletas. Algumas das categorias, tais como: web art, arte robótica, browser art, computer art, arte sonora, arte digital, panorama, VRML, cinema interativo e assim por diante, foram se mesclando e abrindo espaço para as instalações interativas. Essas tiveram que lidar com a problemática do espaço expositivo, na relação da interação do público através de dispositivos tecnológicos. A consequência disso foi um maior envolvimento do público com a obra.

Pode se dizer hoje que a arte tecnológica atingiu a sua maioridade. Seu caráter estético e de valor artístico segue em paralelo com os da arte contemporânea. E como diferencial, suas propostas não abordam apenas o novo, mas sobretudo o inovar: na convergência da criatividade tecnológica com a criatividade artística.

As exposições do FILE sempre foram no formato coletivo, pois um dos compromissos do festival era mostrar, além das obras, a diversidade de expressões que a arte tecnológica proporcionava, inclusive agregando ao evento as animações e os jogos eletrônicos que sofreram forte desenvolvimento pelas inovações tecnológicas. As exposições coletivas são importantes porque nos dão uma visão abrangente do que acontece a cada período e em diferentes países com o desenvolvimento poético de cada artista.

Durante os últimos 18 anos, alguns artistas desenvolveram uma produção consistente e coesa nesta direção – da inovação e da criatividade. Hoje, já é possível considerar a proposta de uma mostra individual. Nesse sentido, o Festival Internacional de Linguagem Eletrônica criou uma nova modalidade, a qual chamamos de FILE SOLO.

O FILE SOLO tem como objetivo mostrar um conjunto de obras de um único artista que explora a relação criativa interdisciplinar e tecnológica. Para a primeira exposição do FILE SOLO, a ser realizada exclusivamente no CCBBSP, o artista selecionado foi o belga Lawrence Malstaf. O trabalho dele situa-se na fronteira entre as artes visuais e o teatro. Ele desenvolve instalações e performances que envolvem a física e a tecnologia como ponto de partida e inspiração.

Lawrence propõe uma vivência individual do visitante com salas sensoriais e imersivas, tornando o visitante um coator do trabalho.

Paula Perissinotto e Ricardo Barreto
Fundadores e organizadores do FILE

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OBRAS

Conversations (Conversas)

Um par de cadeiras vibratórias está se movendo e girando lenta e aleatoriamente através do espaço. Elas parecem procurar e rejeitar umas às outras com zumbidos suaves. Quando um visitante passa, as cadeiras hesitam e, cuidadosamente, experimentam padrões diferentes. Os padrões não são projetados; é um sistema auto-organizado onde novas composições e novos comportamentos surgem espontaneamente durante a duração da instalação.

Mirror (Espelho)

Um quarto escuro com um grande espelho vibratório deforma o reflexo do visitante (a instalação deve ser visitada individualmente). No início, as vibrações são tão sutis que você pode se perguntar se são seus próprios olhos que estão tendo problemas para se focar. Porém, gradualmente, torna-se mais óbvio que o espelho está realmente se movendo e alterando a imagem espelhada para um retrato de Francis Bacon. Ainda assim, a impressão visual é tão real que algumas pessoas sentem o desejo de verificar se seu corpo realmente está se decompondo ou não. No final, o corpo se evapora e desaparece.

Nemo Observatorium (Observatório Nemo)

Partículas de isopor são sopradas por um grande cilindro transparente de PVC por 5 fortes ventiladores. Os visitantes podem tomar um lugar, um por um, na poltrona no meio da banheira de hidromassagem ou observar a partir do exterior. Na cadeira, no olho da tempestade, é calmo e seguro. Espetacular à primeira vista, esta instalação acaba por hipnotizar como uma espécie de máquina de meditação. Pode-se seguir os padrões aparentemente cíclicos, concentrar-se nas diferentes camadas de pixels 3D ou ouvir o seu som de cascata. Pode-se chamá-lo de dispositivo de treinamento, desafiando o visitante a se manter concentrado e encontrar a paz em um ambiente em rápida mudança. Depois de um tempo, o espaço parece se expandir e o sentido do tempo ilude.

Shrink (Encolher)

Duas grandes folhas de plástico transparente e um dispositivo que gradualmente suga o ar entre elas deixam o corpo (neste caso, o próprio artista) embalado a vácuo e verticalmente suspenso. O tubo transparente inserido entre as duas superfícies permite que a pessoa dentro da instalação regule o fluxo de ar. Como resultado da pressão crescente entre as folhas de plástico, a superfície do corpo embalado gradualmente se paralisa em múltiplas microdobras. Durante a duração da performance, a pessoa no interior move-se lentamente e muda de lugar, que varia de uma posição quase embrionária a uma semelhante a um corpo crucificado.

Tipping Point (Ponto de inflexão)

Uma camada de água é contida por duas placas de vidro. Dois motores inclinam o disco de vidro em ângulos pouco visíveis. Uma grande bolha de ar lentamente muda de forma e se move na água. Ela tenta encontrar um novo equilíbrio sob um mapa do gelo ártico que é impresso sobre o vidro. Um holofote circunda a instalação como um sol. Ele projeta uma sombra giratória incluindo padrões de movimento da água que não são visíveis no disco original.

Transporter (Transportador)

Duas correias transportadoras de cerca de 13 metros de comprimento são montadas próximas uma da outra e correndo em direções opostas. As pessoas podem deitar-se sobre elas para serem transportadas muito lentamente. Escondido sob a superfície, um mecanismo invisível produz uma experiência tátil sutil, porém intensa, para a coluna vertebral. No meio da trajetória, os visitantes são confrontados com dois espelhos horizontais movendo-se para cima e para baixo acima deles.

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BIOGRAFIA

O trabalho de Lawrence Malstaf (1972, Bruges, Bélgica) situa-se na fronteira entre o visual e o teatral. Ele desenvolve instalações e performances de arte com um forte foco em movimento, coincidência, ordem e caos, e salas sensoriais imersivas para visitantes individuais. Ele também cria ambientes móveis maiores, lidando com espaço e orientação, muitas vezes usando o visitante como um coator. Seus projetos envolvem a física e a tecnologia como ponto de partida ou inspiração e como um meio para ativar instalações.
Lawrence Malstaf recebeu vários prêmios internacionais no campo da arte e das novas tecnologias. Ele também é conhecido como um cenógrafo inovador no mundo da dança e do teatro.