FILE Videoarte 2016

FILE Videoarte 2016
Imbricações entre nós, as imagens e os espaços

Não apenas as imagens e as telas, mas também as redes online e as câmeras estão em toda parte: vigilantes nas ruas e em espaços privados, nos computadores e nos celulares que nos acompanham constantemente. Quase nenhum acontecimento nas grandes cidades e até mesmo na intimidade passa despercebido, sem registro e sem disseminação geralmente imediata. Como a acessibilidade às câmeras, ao computador e às redes online tem se tornado cada vez maior, também tem aumentado o número e o tipo de vozes que podem se manifestar através dos registros, que ganham outros significados à medida que circulam entre mais pessoas.

Esses registros também podem ganhar outros significados quando feitos com dispositivos distintos, como as recentes câmeras em 360 graus. Essas novas tecnologias são capazes de produzir ambientes de maior imersão, revisitando técnicas mais antigas de cinema, vídeo e animação para atribuir-lhes outras formas de fruição. O conteúdo amador realizado com essas câmeras já pode ser visto em websites de compartilhamento de vídeos, mas como os artistas irão desenvolver suas poéticas com essa mesma tecnologia ainda é uma questão sem resposta, apenas com breves apontamentos, os primeiros passos de um caminho por vir. Nesta edição do FILE, por exemplo, podemos visitar uma praia do Havaí com um par de óculos 3D sentados em uma cadeira. A instalação “Be Boy Be Girl”, dos artistas Frederik Duerinck e Marleine van der Werf, propõe nos envolver não apenas pela visão, mas também pela audição, tato e olfato. Como demonstra essa obra, é evidente que os dispositivos de captação, produção e circulação das imagens alteram nossa forma de perceber e nos relacionar com o mundo.

Tendo isso em vista, o FILE Videoarte apresenta este ano na Galeria de Arte do SESI um recorte da recente produção poética que articula o vídeo e as tecnologias atuais, extrapolando os limites entre eles e evidenciando como os dispositivos técnicos modificam nossa forma de perceber as coisas ao nosso redor. Com quarenta e quatro obras de mais de vinte países, buscamos investigar como se dão as imbricações entre nós e as imagens (com seus dispositivos), e entre nós e os espaços (físicos, digitais, internos e externos).

O destaque da mostra é “EYE”, dos artistas Baku Hashimoto e Katsuki Nogami, um videoclipe feito para a música do duo japonês group_inou. Nele, os integrantes aparecem caminhando sobre estradas no deserto, pontes, avenidas, livrarias e aeroportos. Mas essa não é uma caminhada comum que se dá ao longo do tempo em um mesmo espaço físico. É uma combinação de fotografias dos integrantes em stop motion com uma sequência de paisagens captada no Google Street View. A combinação de ambas imagens remete à nossa vivência física e digital, uma mescla cada vez mais imperceptível em nossas vidas diárias.

Além da mostra na Galeria de Arte do SESI, a videoarte também é apresentada este ano na programação do FILE Led Show. Seis vídeos sensoriais fazem a conexão entre o espaço interno da Galeria e o espaço externo da rua, transformando o edifício em uma grande tela. As combinações de cores, linhas e formas são também um pedido para que tenhamos um momento de silêncio e meditação no meio da turbulência das redes urbanas e digitais, redes essas que indicam a imbricação entre nós, as imagens e os espaços.

Fernanda Albuquerque de Almeida
Curadora do FILE Videoarte

1 Alfredo Ardia & Sandro L’Abbate – Studio N.1 – Itália
2 Anna Vasof – Down to Earth – Áustria
3 Atelier Monté – The Art of Deception – Holanda
4 Baku Hashimoto & Katsuki Nogami – EYE – Japão
5 Beatriz Minguez de Molina – Finishing Your Dreams – Espanha
6 Cole Lu – But, You Know, It’s Often All I Want – Estados Unidos
7 Con.Tatto: Francesca Leoni & Davide Mastrangelo – Androgynous – Itália
8 Constanza Meléndez – Untitled (1990) – Alemanha
9 Cristina Pavesi – Giallo – Itália
10 Daniel Alexander Smith – Sea Change – Estados Unidos
11 Daniel H. Dugas – Apples and Oranges – Canadá
12 Daniel Wechsler – Dust – Israel
13 Das Vegas – STRATA – Suécia/Lituânia
14 David Clark – The Cinema of Sweat – Canadá
15 Diran Lyons – Keep The Clubs Swingin’ (#Obeezy | Dr. Dre Remix) – Estados Unidos
16 Dustin Morrow – Treetops – Estados Unidos
17 Edu Rabin & Renata de Lélis – Onda – Brasil
18 Fabio Scacchioli & Vincenzo Core – Bang Utot – Itália
19 Fabio Scacchioli & Vincenzo Core – Scherzo – Itália
20 Francesca Fini – Dadaloop – Itália
21 Hakan Lidbo – Tightrope – Suécia
22 Hakeem b – Jane’s Electronic Poem – França
23 Jaret Vadera – On Kings and Elephants – Estados Unidos
24 Jeroen Cluckers – Tears in Rain – Bélgica
25 Laura Focarazzo – The Uninvited – Argentina
26 Liliana Farber – The Blue Marble – Israel
27 Liu Chang & Miao Jing – INFINITE – China/Estados Unidos
28 Marcell Andristyák – Roadlovers – Hungria
29 Michael Pelletier – Coordinated Movement – Holanda
30 Paganmuzak – N3 – Itália
31 Paulina Rutman – Fall – Chile
32 Peter Whittenberger – What’s the Worst That Can Happen? – Estados Unidos
33 Peter William Holden – The Invisible – Alemanha
34 “pixels+fibre: Myrto Angelouli & Fiona Gavino” – (My) Space I – Austrália
35 Przemek Wegrzyn – Lullaby – Polônia
36 Przemek Wegrzyn – Home Movie – Polônia
37 Przemek W?grzyn – Security Measures – Polônia
38 Shaun Wilson – Uber Memoria XIX – Part VII – Austrália
39 Silvia De Gennaro – Travel Notebooks: Venice, Italy – Itália
40 Silvia De Gennaro – Travel Notebooks: Barcelona, Spain – Itália
41 Stuart Pound – Song Lines – Inglaterra
42 Stuart Pound – Coming & Going – Inglaterra
43 Stuart Pound – Six Portraits of Clara Schumann – Inglaterra
44 Vera Sebert – Panorama Panic Botany – Áustria