Paula Gaetano Adi

Alexitimia

Abstract:
Alexitimia: um agente robótico autônomo Alexitimia (do grego): a = prefi xo que signifi ca falta; lexis = palavra; thymos = sentimentos ou emoções Alexitimia é a manifestação de uma defi ciência de cognição emocional. O termo clínico descreve o comportamento de alguém que de modo geral não tem consciência de seus sentimentos ou não sabe o que eles signifi cam, e portanto não é capaz de falar sobre suas emoções ou preferências emocionais. Nesse sentido, a alexitimia, como distúrbio dos processos afetivo e cognitivo, pode causar reações psicossomáticas ou somatológicas. Os seres alexitímicos são incapazes de expressar verbalmente confl itos mentais, e portanto se expressam por meio do corpo e suas funções somáticas. Desta maneira, em vez de encontrar um meio de expressão simbólica mediado por palavras, o agente libera as emoções traduzidas em algum tipo de “linguagem dos órgãos”. Por esse motivo decidi dar o nome de Alexitimia ao meu “agente robótico autônomo”, cujo comportamento é análogo ao processo de transpiração da pele humana. Esse agente alexitímico tem um comportamento muito incomum e ambíguo para um robô, e em conseqüência não parece ser uma máquina poderosa com software igualmente potente abrigado num corpo móvel, capaz de agir racionalmente conforme sua percepção do mundo que o cerca. Ao contrário, Alexitimia é um robô construído sem uma função clara, uma utilidade clara e, conseqüentemente, motivações ou objetivos claros a alcançar. Esse robô autônomo foi feito para propor uma posição irônica diferente da visão de um agente como um “sistema competente de autonomia e determinação”. Em conseqüência, seu comportamento puramente somático não mostra motivações claras ou intenções específi cas de ação. Criado com um aspecto orgânico, com materiais macios e fl exíveis, esse robô alexitímico foi desenhado como uma semi-esfera irregular de grandes dimensões, que permanece imóvel no piso da sala de exposição. Esse robô não pode se movimentar pelo espaço, não pode ver nada e não emite sons; também não pode detectar vozes. No entanto, ele pode interagir com os espectadores através de seu ser somático (seu corpo). Com a intenção de mostrar uma abordagem holística da dicotomia hardware/software que parece ser o eco da dualidade cartesiana anterior e mais primitiva de mente/corpo, este robô, sem quaisquer aspectos antropomórfi cos, interage e se comunica com o ambiente somente por um meio tátil de percepção. Portanto, usando sua “pele artifi cial” como interface, o esquema corpóreo do robô começa a suar quando alguém (um espectador) o toca. Decidi construir uma escultura robótica cuja principal característica é ter apenas uma “linguagem corporal”, que como toda comunicação não-verbal nem sempre é lógica ou racional. Ao contrário, é um grupo de sinais mais complexo que a linguagem verbal e com um conteúdo mais amplo para expressar signifi cados intencionalmente e não-intencionalmente. Por conseguinte, em Alexitimia, o “corpo” do robô ocupa um lugar hegemônico e, em contraste com uma “Inteligência Artifi cial”, propõe uma “Corporalidade Artifi cial” que funciona basicamente como a interface da peça, como sua materialidade e sua forma.