Pamela Cuadros

Sin título

Abstract:
Segundo Walter Benjamin, a memória sempre se fragmenta em imagens, não em palavras. A memória é carregada por um grande registro não verbal que, em geral, não é mencionado quando conceitualizamos nossas experiências. No entanto, o visual não preenche totalmente essa lacuna discursiva. Há também uma ampla contribuição auditiva para o processo de rememorar algo. A obra Sem título quer trazer este algo à mente. O dispositivo é uma instalação sonora interativa, um objeto imbuído de história: uma velha valise com 5 compartimentos contendo diferentes objetos e referências de viagem, lembranças, coleções e documentos. Ao abrir cada um desses portais corrediços, sons podem ser ativados e modificados, dependendo do número de vezes em que cada compartimento é aberto e fechado ou do quão abertos ou fechados ficam os compartimentos. Cada portal corrediço contém uma fotorresistência que capta luz quando o compartimento é aberto. Esta informação modifica os parâmetros sonoros como intensidade, frequência e aleatoriedade do playback em áudio. Os sons gravados consistem em ruídos e histórias de diversas pessoas. Assim, através da manipulação dos portais corrediços da valise, os visitantes podem criar suas próprias paisagens sonoras. Esse mecanismo mescla o uso de tecnologia com a poética de recombinar elementos sonoros e possibilita brincar com lembranças sonoras ligadas a experiências de cada indivíduo. Que tipo de memórias causa o encontro entre objetos discursivos, auditivos e físicos? Essa questão é colocada como um convite aos visitantes para que releiam e embarquem em uma jornada pessoal a partir de suas próprias memórias.

Biography:
Cenógrafa, designer de iluminação e artista visual chileno-mexicana, formou-se em cenografia na Escola Nacional de Arte Teatral do Centro Nacional das Artes do México (2000-2004). Colaborou em vários projetos, disciplinas e formatos artísticos. No México, participa em shows como coreógrafa e em filmagens (artes e figurinos). Atua também como designer de iluminação para teatro, dança e instalações, em colaboração com Vivian Cruz, Alain Kerriou, Hugo Heredia, Jacqueline Serafin, o grupo de música eletroacústica MU, José Luis Garcia Nava, Cuauhtémoc Sentíes e Esthel Vogrig, entre outros. Desde 2004, seu trabalho teatral enfoca a criação de projeções de imagens como design de palco para produções importantes, que incluem: Defensa antes sobrevivientes, vagamente baseado no livro A Invenção de Morel, de Adolfo Bioy Casares, Cuadrilátero 2 de 3 caídas, de Gabriel Arteaga, Impresiones en el ánimo dirigido por Gerardo Trejoluna, Tribute to Cri Cri realizado pela Companhia de Dança Nacional no Palácio de Belas Artes e En la noche cuando no sueño… dirigido por Alicia Sanchez. Foi também selecionada para a Bolsa Mexicana de Produção e Investigação em Artes e Mídia em 2008 do Centro Multimídia, para criar e encenar a peça interativa e interdisciplinar Antropía- Interferencias escénicas del cuerpo-imagen. No Chile, colaborou com Ana Carvajal no design de iluminação para os espetáculos de dança Desierto de mediodía e Creo Falso. É coautora da peça V de Vertigo, uma performance multimídia de arte circense que estreou em 2010. Em 2011, fundou a companhia Ruido Blanco (http://cartografiasdanza.wordpress.com/) que integra os campos de cenografia, dança, teatro e tecnologia. Cartografías, o projeto mais recente da Ruido Blanco, foi um dos vencedoras do certame nacional Conexión Danza e criado em codireção com Germán Henríquez e a coreógrafa Karin Costa. Em 2012 ela apresentou a instalação interativa Sem título na 10ª Bienal de Vídeo e Arte Eletrônica no Museu de Arte Contemporânea em Santiago.