
Mariana Manhães
Liquescer (Jarrinho) e Liquescer (Jarrinho Azul)
Abstract:
Meu trabalho consiste na invenção e construção de engenhocas que são comandadas por vídeos de objetos animados. Os objetos são pinçados do meu cotidiano visual: portas do meu ateliê, bules da cristaleira da sala, taças e jarros da coleção da minha mãe. Todos eles são filmados e seus movimentos enfatizados durante o processo de edição, de maneira a criar gestos caricatos semelhantes ao comportamento humano e animal. A manipulação do tempo do vídeo é determinante para a deformação das imagens, que não se resumem a meras representações do real. Empresto minha própria voz aos objetos e invento o idioma que é falado por eles. Os vídeos também emitem notas musicais que, ao serem percebidas por circuitos eletrônicos instalados no corpo da obra, coordenam sons, motores e músculos eletrônicos que fazem a obra se movimentar. Nos dois trabalhos apresentados no FILE, “Liquescer (Jarrinho)” e “Liquescer (Jarrinho Azul)”, os objetos escolhidos são jarros d’água cuja respiração é ritmada com a entrada e saída do líquido de seu interior. Os organismos reagem de acordo com os sons emitidos pelos objetos nos vídeos. Assim como a água, que possui a forma do recipiente que a contém, o comportamento sonoro e motor das obras é moldado pela linguagem dos jarros. Há uma autonomia presente nas máquinas que, a partir de materiais low e high-tech, comandam um diálogo que se manifesta através do precário e incerto movimento de interação entre suas partes. Ao contrário do que possa parecer num primeiro momento, os mecanismos somente respondem a estímulos internos. Não existe interação direta com o público, que permanece como um intruso em um mundo cuja comunicação se dá de forma sui generis e é ininteligível para nós.
Biography:
Vive e trabalha em Niterói e no Rio de Janeiro. As engenhocas desenvolvidas por Mariana Manhães comandam um diálogo que se manifesta através do precário e incerto movimento de interação entre suas partes. Essas máquinas autômatas são controladas por imagens em video de bules, jarros, luminárias e dos mais diversos objetos, todos capturados do cotidiano visual da artista. Uma vez filmados e editados, os objetos ganham gestos caricatos e suas vozes ativam circuitos eletrônicos que ligam e desligam mecanismos low e high-tech no corpo da obra, criando um comportamento imprevisível. Mariana teve sua formação artística na Escola de Artes Visuais do Parque Lage (1998-2006). Participou de diversas coletivas no Brasil e em outros países. Em 2007 realizou a exposição individual “Liquescer”, no Museu de Arte Contemporânea de Niterói. Recebeu os prêmios: Prêmio Gilberto Chateaubriand no Salão da Bahia (2005); Salão de Goiás (2006); Prêmio de Artes Visuais Marcantonio Vilaça FUNARTE / MinC (2006). Recentemente foi agraciada com uma Menção Honrosa no Prêmio Sérgio Motta de Arte e Tecnologia (2007).