FILE SOLO 2017 – CCBB – Organizadores do FILE Festival: Ricardo Barreto e Paula Perissinotto

FILE SOLO – Festival Internacional de Linguagem Eletrônica
LAWRENCE MALSTAF – A poética da imersão

O FILE, em seus 18 anos, vem mostrando a influência da tecnologia contemporânea nas artes. Inicialmente, surgiram as pesquisas estéticas que exploravam o novo ambiente da Internet: a web art e a net art; os hipertextos e as hipermídias; tudo sob a ótica da interatividade e da não linearidade. Na primeira década do século XXI, foram raros os eventos que mostravam essas expressões estéticas e o FILE – Festival Internacional de Linguagem Eletrônica – surgiu justamente nesse contexto. Numa explosão de criatividade, vislumbrava-se na época uma espécie de novo renascimento pós-vanguarda, pois um novo mundo havia surgido: o mundo virtual.
O FILE festival, desde seu início, atuou dentro desse mundo. No decorrer dos primeiros dez anos, várias novas modalidades surgiram e desapareceram numa dinâmica orgânica intensa típica das novas tecnologias, ora novidades, ora obsoletas. Algumas das categorias, tais como: web art, arte robótica, browser art, computer art, arte sonora, arte digital, panorama, VRML, cinema interativo e assim por diante, foram se mesclando e abrindo espaço para as instalações interativas. Essas tiveram que lidar com a problemática do espaço expositivo, na relação da interação do público através de dispositivos tecnológicos. A consequência disso foi um maior envolvimento do público com a obra.
Pode se dizer hoje que a arte tecnológica atingiu a sua maioridade. Seu caráter estético e de valor artístico segue em paralelo com os da arte contemporânea. E como diferencial, suas propostas não abordam apenas o novo, mas sobretudo o inovar: na convergência da criatividade tecnológica com a criatividade artística.
As exposições do FILE sempre foram no formato coletivo, pois um dos compromissos do festival era mostrar, além das obras, a diversidade de expressões que a arte tecnológica proporcionava, inclusive agregando ao evento as animações e os jogos eletrônicos que sofreram forte desenvolvimento pelas inovações tecnológicas. As exposições coletivas são importantes porque nos dão uma visão abrangente do que acontece a cada período e em diferentes países com o desenvolvimento poético de cada artista.
Durante os últimos 18 anos, alguns artistas desenvolveram uma produção consistente e coesa nesta direção – da inovação e da criatividade. Hoje, já é possível considerar a proposta de uma mostra individual. Nesse sentido, o Festival Internacional de Linguagem Eletrônica criou uma nova modalidade, a qual chamamos de FILE SOLO.
O FILE SOLO tem como objetivo mostrar um conjunto de obras de um único artista que explora a relação criativa interdisciplinar e tecnológica. Para a primeira exposição do FILE SOLO, a ser realizada exclusivamente no CCBBSP, o artista selecionado foi o belga Lawrence Malstaf. O trabalho dele situa-se na fronteira entre as artes visuais e o teatro. Ele desenvolve instalações e performances que envolvem a física e a tecnologia como ponto de partida e inspiração.
Lawrence propõe uma vivência individual do visitante com salas sensoriais e imersivas, tornando o visitante um coator do trabalho.

Paula Perissinotto e Ricardo Barreto
Fundadores e organizadores do FILE