FILE SÃO PAULO 2017 – Raquel Fukuda, coordenadora do FILE Anima+.
O FILE Anima+ busca a cada ano apresentar animações inovadoras, seja pelo seu lado estético, por sua forma narrativa ou bem como pela sua tecnicidade. E como destaque desta onda de inovação imagética, trazemos pela primeira vez ao Brasil o artista e filmmaker Faiyaz Jafri.
Nascido e criado em uma zona rural na Holanda, Jaiyaz, que tem descendência paquistanesa, explora em seus trabalhos os arquétipos junguianos (o ego, a persona, a sombra, o animus/a anima e o self) no mundo contemporâneo misturado a uma linha de imagens com um alto poder sedutor que beira a obscenidade, que ele intitula de hiperirrealismo “pop”. Somando a isso, ele pesquisa as chamadas neoarquiteturas dos meios de comunicação de massa e da cultura “pop” globalizada.
O artista ressignifica ícones do mundo pop ao se apropriar deles, tornando-os imaculados ao usá-los em contextos no qual seus personagens (em sua maioria, femininos) possuem uma perfeição antinatural, polida, asséptica, fria e sem alma. Porém, a força que essa estética carrega, flutuando entre inocência e violência, transmite uma carga de emoção tamanha que torna os trabalhos de Faiyaz, por vezes, assustadores, românticos e estranhamente humanos.
A obra de Faiyaz é sobre a dualidade: sexo e violência; erotismo e inocência. Por exemplo, a dualidade sobre a inocência e a sedução, opostos que em suas animações são paradoxalmente muito parecidos e eles não existem numa oposição absoluta. Nada é pura inocência ou puro mal e a obra do artista justamente mistura esses extremos.
O FILE Anima+ 2017 apresenta, ainda, centenas de animações curta-metragem entre produções independentes, experimentais, de estudantes e grandes estúdios. Sua parceria com o aclamado festival japonês Japan Media Arts Festival apresenta dois programas com dezenas de animações premiadas no festival, além do longa “Miss. Hokusai”. O anime foi adaptado de um mangá publicado de 1983 a 1987, em três volumes, por Hinako Sugiura. A obra retrata a vida de Hokusai Katsushika, que é um pintor, e a sua filha O-Ei, uma artista que sempre viveu no anonimato graças à sombra do seu pai. A história se passa em 1814, em Edo, atual Tóquio. Lá, O-Ei, herdeira do talento do pai, por vezes pinta em seu lugar. Muito tempo depois, a Europa descobre o imenso talento de Tetsuzo, e começa a ser conhecido como Katsushika Hokusai, impressionando até mesmo Renoir, Van Gogh, Monet e Klimt.
Raquel Fukuda
Curadora do FILE ANIMA+ 2017