FILE LED SHOW 2016 – Programação
FILE Led Show 2016 – videoarte sensorial
O esgarçamento do dispositivo cinematográfico na onipresença das telas
O FILE Led Show 2016 apresenta uma seleção de seis obras de videoarte sensorial que também são exibidas dentro da Galeria de Arte do SESI, duas delas como instalações e as outras quatro como parte da curadoria do FILE Videoarte. Ao apresentar as obras nesses dois contextos, buscamos enfatizar a imbricação dos espaços internos e externos para a qual a onipresença das telas nos direciona. Da internet para a rua, da rua para a internet, entre os aplicativos de comunicação que cabem nos bolsos. As redes que constituímos fluem por esses espaços, desdobram-se de diversas formas, ganham novos participantes e demandam pela voz e pela escuta que muitas vezes são negadas.
Essa voz está espalhada pela internet e pelas manifestações de rua que com pujança resistem aos discursos que se pretendem unidirecionais e que, portanto, voltam no tempo em direção ao dispositivo cinematográfico consolidado com Griffith. Sabemos que o esgarçamento desse dispositivo – a sala escura com uma tela na qual é projetado um filme narrativo a ser observado – já é algo que vem ocorrendo desde o século passado. Filmes são apropriados, remixados ou dispostos de formas diferentes em outros espaços, de modo a ampliar a percepção daqueles que o observam e que agora podem caminhar diante da tela. Um exemplo já clássico é a instalação “24 Hour Psycho” (1993), de Douglas Gordon, que projeta o longa-metragem “Psicose” (1960), de Hitchcock, em câmera lenta, de modo a ocupar 24 horas com uma única exibição. Além do cinema, com a televisão, os artistas também indicam outras possibilidades dialógicas que contestam o modelo unidirecional predominante. “Hole in Space” (1980), da dupla Kit Galloway e Sherrie Rabinowitz, também referência na área, já propunha colocar pessoas geograficamente distantes em diálogo em tempo real. As telas inseridas na rua, uma em Nova York e outra em Los Angeles, continham uma a imagem da outra, despertando a curiosidade dos passantes. Com o computador e a internet, não há como negar que outras possibilidades dialógicas corroboram com a mudança de comportamento dos usuários que agora participam e produzem.
O esgarçamento do dispositivo cinematográfico ocorre, portanto, com a multiplicação dos discursos na onipresença das telas. Na escola, no trabalho, no lazer. Em casa e na rua. Sozinhos e em grupos. Se antes havia o cinema, a televisão e o computador, agora há diversos dispositivos que diminuem, ampliam e distorcem as imagens, bem como propiciam a troca entre as pessoas. Eles estão sempre conosco, alterando nossa forma de perceber e nos relacionar com o mundo.
No FILE Led Show 2016, as obras que na galeria podem ser tocadas ou vistas em telas compatíveis com o tamanho médio de um corpo humano agora atingem outra dimensão ampliada e na vertical, chamando os passantes à experiência sensorial em uma orientação não tão comum na nossa fruição audiovisual diária. O grande painel de LED da Avenida Paulista abriga combinações de cores, linhas e formas, que pedem que paremos para observar mais atentamente, que tenhamos um momento de silêncio e meditação no meio da turbulência das redes urbanas e digitais. Meditação essa tão necessária em um momento em que muitos desejam falar, mas poucos conseguem ouvir.
Fernanda Albuquerque de Almeida
Curadora do FILE Led Show 2016
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Programação
1 Angella Conte – Sentido Único – Brasil
2 Das Vegas – STRATA – Suécia/Lituânia
3 Edu Rabin & Renata de Lélis – Onda – Brasil
4 Hakan Lidbo – Tightrope – Suécia
5 Karina Smigla-Bobinski – KALEJDOSKOP – Alemanha
6 Liu Chang & Miao Jing – INFINITE – China/Estados Unidos