FILE LED SHOW 2018

FILE SÃO PAULO 2018 | LED SHOW
Festival Internacional de Linguagem Eletrônica

FILE LED Show 2018 – Combate e colaboração

Segundo a termodinâmica, o universo caminha rumo à entropia. Os seres vivos se encontram entre a organização e a desorganização de moléculas, com tendência à desordem. Entre as estratégias criadas para combater essa tendência estão os aparelhos produtores de imagens técnicas, como o aparelho fotográfico, cinematográfico e os computadores. Esses aparelhos são programados para tornarem visíveis situações pouco prováveis do ponto de vista do universo, já que criam imagens – que se caracterizam como informação – em oposição à situação mais provável, a tendência à desinformação (entropia).

Contudo, ao mesmo tempo em que produzem imagens pouco prováveis do ponto de vista do universo, tais aparelhos configuram imagens mais prováveis do seu ponto de vista. Vilém Flusser traz à luz essa contradição inerente às imagens técnicas (fotografia, cinema, vídeo e imagens computadorizadas) e afirma que o desafio consiste em realizar imagens pouco prováveis do ponto de vista dos aparelhos que as produzem. Em outros termos, o que está em jogo é a “deliberação no interior dos programas”.

É possível atualizar esse pensamento nos dias atuais, considerando os computadores e algoritmos. Os diversos programas informáticos combatem a tendência à entropia ao propiciarem a produção de diversos “objetos digitais” (informação), mas colaboram com essa tendência ao agirem de forma análoga, isto é, ao encaminharem-se rumo ao provável. Há, portanto, uma relação de colaboração e combate entre os aparelhos que produzem imagens técnicas e a tendência universal da entropia. O combate implica a criação de informação. A colaboração resulta de uma analogia com a tendência a situações mais prováveis do ponto de vista dos aparelhos e seus programas.

A mostra “Combate e colaboração”, que compõe o FILE LED Show 2018, visa compreender nossa relação com os diversos programas existentes. Exibe seis obras que abordam questões que permeiam sistemas digitais, tais como suas estruturas subjacentes e a capacidade de produzir padrões, variações e restaurações. A autonomia desses sistemas pode ser entendida como metáfora para a nossa liberdade de ação relativa aos diversos aparelhos e programas técnicos, políticos e culturais. Ainda que exista um risco iminente de colaboração indireta, é preciso contrapô-los por meio de variações e experimentações que efetuam movimentos de resistência em “situações menos prováveis”.

A exposição ainda apresenta três mostras resultantes de parcerias com centros internacionais de formação de jovens artistas na Galeria de Arte Digital do Sesi: o Departamento de Artes Digitais do Instituto Pratt, de Nova York, a Universidade Americana de Sharjah e a Universidade de Nova York Abu Dhabi. Essas iniciativas visam consolidar o espaço expositivo do festival como uma plataforma de experimentação aberta a artistas emergentes. Ao todo, as quatro mostras reúnem 25 obras de artistas brasileiros e estrangeiros.

Na Galeria de Arte do Sesi, o FILE LED Show 2018 também exibe seu arquivo de videoarte, constituído nos três últimos anos, em uma instalação produzida por Felix Beck e Barkin Simsek, da Universidade de Nova York Abu Dhabi.

Fernanda Almeida
Curadora do FILE LED Show 2018

PROGRAMAÇÃO LED SHOW

I – Combate e Colaboração:

1.Emiliano Zucchini – Void Form – Itália
2.Frê Vidovix – Float – Brasil
3.Jeremy Oury: Studio Echelon Mapping – SkyLark – França
4.Lucas Morais – Lugares do Invisível (Anna’s Hummingbird) – Brasil
5.Maxime Archambault – System Restore 2.0 – Canadá
6.Void: Yusuf Emre Kucur, Selay Karas, Bahadir Dagdelen, Gokhan Dogan & Kerem Akgün – Abysmal – Turquia

II – American University of Sharjah:

1.Amanda Varghese – The Tale of the Mudras – Índia
2.Aysha Abulfateh & Shahd Ramahi – Follow the Beat – Bahrein & Jordânia
3.Jinan Zughayar & Mahmoud Alkhateeb – Optical Dancing – Estado da Palestina & Arábia Saudita
4.Mariam Akbar & Yasmin Salama – Harmony in Movement (حركات) – Bahrein & Estado da Palestina
5.Nada Al Dash & Dina Al Khatib – Tessellation Expression – Egito & Jordânia
6.Raheed Allaf & Mentalla Sayed – Imprint – Egito & Dubai

III – Universidade de Nova York Abu Dhabi

1.Elena Negoiu – Once upon a language – Romênia
2.Felix Beck & Barkin Simsek – Augmented Architecture (Instalação) – Alemanha & Turquia
3.Laura Schneider – Memory of a Whale Song – Estados Unidos
4.Manesha Ramesh Credits: Rodrigo Ferreira, Carlos Paez, Guillermo Andres Schlamp, Tom Abi Samra, Yousra El Hassan, Alia Ali Kattan – Yehia and João – Índia
5.Pierre Depaz – Rewriting – França
6.Shenuka Corea & Nahil Ali Memon – Earthnet – Sri Lanka & Estados Unidos/Paquistão

IV – Departamento de Artes Digitais do instituto Pratt

1.Blake Marques Carrington – The Year We Make Contact – Estados Unidos
2.Holly Adams & Anthony Cavieles – Space Travel is for Losers – Estados Unidos
3.Jo-Ann Arosemena – Rooting Reflex – Panamá
4.Josh Mitchell & Sofia Pardillo – Octopus – Estados Unidos
5.Karl Munstedt – Garden of Bigfoot – Estados Unidos
6.Lauren Dimaya, Krystal Li & Heidy Cordero-Arias – Every Time the Stars Align – Estados Unidos
7.Naeem Murdic & Jared Lynch – Light Body – Estados Unidos
8.Tess Adams & Michael Lee – Big Yellow Laptop – Estados Unidos