
FILE SÃO PAULO 2015
A REALIDADE VIRTUAL COMO BASE DA CRIAÇÃO ARTÍSTICA,
Festival de Linguagem Eletrônica em SP reúne mais de 300 jogos, instalações e animações
Tendência no mundo da tecnologia, a realidade virtual vem ganhando espaço cada vez maior no mundo da arte eletrônica. A terceira edição do Music Video Festival (m-v-f) apresentou recentemente “Stonernilker”, novo videoclipe de Bjork, em que o espectador usa óculos 3D para imergir no mesmo cenário em que a cantora interpreta a música – uma praia na Islândia.
O Festival Internacional de Linguagem Eletrônica (File), realizado de hoje a 16 de agosto, em São Paulo, também reúne atrações que reforçam a tese, que, aliás, está incorporada ao tema deste ano, The new e-motion” – o movimento (mo-tion) associado ao eletrônico (e-) produz novas emoções .
-Não existe mais a necessidade de um ambiente – explica Paula Perissinoto, criadora e organizadora do File, que chega à 16ª edição como uma referência internacional em novas tecnologias associadas à arte.
– Hoje, os óculos 3D põem você em um ambiente virtual de 360. Até pouco tempo atrás, havia aplicações disso na medicina e na aviação, mas nada para um público mais amplo, como está acontecendo agora. Entre as atrações do File que usam a realidade virtual como base de criação está “Swing”, de Christin Marczinzik e Thi Binh Minh Nguyen. Os artistas associam os óculos 3D a uma brincadeira infantil popular, o balanço. A utilização do aparelho intensifica essa experiência, ao levar o usuário do brinquedo a um mundo virtual mais lúdico e colorido, elaborado a partir de desenhos de aquarelas. Os organizadores do evento apostam no sucesso dessa instalação, “por ser uma síntese dos novos paradoxos alcançados pelo diálogo entre a arte e a tecnologia”.
HOPPER NA TELA DE CINEMA
A mesma tendência pode ser observada com mais força em oito Jogos que fazem parte da seção Games, uma parte deles em desenvolvimento, indicação de que a indústria ainda está experimentando essa tecnologia.
“Pixel rifted”, que está sendo desenvolvido pela brasileira Ana Ribeiro, usa os óculos para colocar o jogador nos cenários de um jogo de luta que emula a estética dos jogos de computador dos anos 1970 e 1980.
“Private eye”, por sua vez, leva o jogador à cidade de Nova York dos anos 1950, onde o detetive Sam Sunderland, que ficou paraplégico após um acidente quando estava na força policial, investiga uma série de assassinatos.
A recente imersão estética que utiliza óculos 3D é apenas uma parte do File. Este ano, o festival retine outras categorias que expressam novas formas de associar arte e tecnologia também por meio de videoarte e animações. Ao todo, serão expostas mais de 330 obras, que ocuparão a Galeria de Arte do Sesi e outros espaços abertos, como a Galeria de Arte Digital do Sesi, a calçada do outro lado da Avenida Paulista em frente ao edificio da Fiesp e os acessos às estações Trianon-Masp e Consolação do metrô.
Durante a primeira semana do evento também serão realizados 11 workshops com profissionais das áreas de animação, música, videomapping e hardware. “Shirley – Visions of reality”, longa-metragem do austríaco Gustav Deutsch que abriu o festival ontem e terá apenas uma exibição para o público hoje, tendo como base 13 obras do pintor Edward Hopper que, reunidas em tomo de uma trama, ganham vida com a história de uma mulher cujos pensamentos, emoções e contemplações, transportam os espectadores para um período muito significativo da História americana.
Deutsch não só reproduz as cenas imaginadas por Hopper, o cineasta também emula a luz dos cenários. Artistas brasileiros e estrangeiros exibirão 19 instalações de ponta. “Meditation”, do chinês Minha Yang, usa algorítimos para processar o som ambiente e criar formas numa tela digital gigante que levam o observador a um estado meditativo. – Este ano, com uma redução do número de projetos contemplados. só pudemos aprovar um. Na verdade, não se trata de uma itineráncia. Trabalhamos com um banco de obras e, muitas vezes, levamos trabalhos que já passaram por São Paulo em anos anteriores. Todos os eventos que compõem a programação do são gratuitos. As inscrições para as oficinas podem ser feitas on-line no link h p://file.org.br/highlight/ file-sp-20 5-workshop.
NO RIO, VERSÃO REDUZlDA
Em novembro, o festival segue para o Rio, com algumas obras e duas seções, Games e Anima +. Segundo Paula, o patrocinador da edição carioca reduziu o número de projetos que contemplaria este ano, em função da crise econômica. – Em geral, nos anos anteriores, fazíamos dois projetos com eles – explica a curadora.